O Brasil tem o carro mais caro do mundo. Por quê? Os principais
argumentos das montadoras para justificar o alto preço do automóvel
vendido no Brasil são a alta carga tributária e a baixa escala de
produção. Outro vilão seria o alto valor da mão de obra, mas os
fabricantes não revelam quanto os salários - e os benefícios sociais -
representam no preço final do carro. Muito menos os custos de produção,
um segredo protegido por lei.
A explicação dos fabricantes para vender no Brasil o carro mais caro
do mundo é o chamado Custo Brasil, isto é, a alta carga tributária
somada ao custo do capital, que onera a produção. Mas as histórias que
você verá a seguir vão mostrar que o grande vilão dos preços é, sim, o
Lucro Brasil. Em nenhum país do mundo onde a indústria automobilística
tem um peso importante no PIB, o carro custa tão caro para o consumidor.
A indústria culpa também o que chama de Terceira Folha pelo aumento
do custo de produção: os gastos com funcionários, que deveriam ser papel
do estado, mas que as empresas acabam tendo que assumir como condução,
assistência médica e outros benefícios trabalhistas.
Com um mercado interno de um milhão de unidades em 1978, as fábricas
argumentavam que seria impossível produzir um carro barato. Era preciso
aumentar a escala de produção para, assim, baratear os custos dos
fornecedores e chegar a um preço final no nível dos demais países
produtores.
Pois bem: o Brasil fechou 2010 como o quinto maior produtor de
veículos do mundo e como o quarto maior mercado consumidor, com 3,5
milhões de unidades vendidas no mercado interno e uma produção de 3,638
milhões de unidades.
Três milhões e meio de carros não seria um volume suficiente para
baratear o produto? Quanto será preciso produzir para que o consumidor
brasileiro possa comprar um carro com preço equivalente ao dos demais
países?
Segundo Cledorvino Belini, presidente da Anfavea,
é verdade que a produção aumentou, mas agora ela está distribuída em mais de 20 empresas, de modo que a escala continua baixa. Ele elegeu um novo patamar para que o volume possa propiciar uma redução do preço final: cinco milhões de carros.
A carga tributária caiu
O imposto, o eterno vilão, caiu nos últimos anos. Em 1997, o carro
1.0 pagava 26,2% de impostos, o carro com motor até 100hp recolhia 34,8%
(gasolina) e 32,5% (álcool). Para motores mais potentes o imposto era
de 36,9% para gasolina e 34,8% a álcool.
Hoje - com os critérios ados - o carro 1.0 recolhe 27,1%, a faixa
de 1.0 a 2.0 paga 30,4% para motor a gasolina e 29,2% para motor a
álcool. E na faixa superior, acima de 2.0, o imposto é de 36,4% para
carro a gasolina e 33,8% a álcool.
Quer dizer: o carro popular teve um acréscimo de 0,9 ponto percentual
na carga tributária, enquanto nas demais categorias o imposto diminuiu:
o carro médio a gasolina paga 4,4 pontos percentuais a menos. O imposto
da versão álcool/flex caiu de 32,5% para 29,2%. No segmento de luxo, o
imposto também caiu: 0,5 ponto no carro e gasolina (de 36.9% para 36,4%)
e 1 ponto percentual no álcool/flex.
Carro |
1997 |
2010 |
Motor 1.0 |
26,2% de impostos |
27,1% de impostos |
Até 100hp (ou 2.0) |
34,8% gasolina |
30,4% gasolina |
|
32,5% álcool |
29,2% álcool |
Acima 2.0 |
36,9% gasolina |
36,4% gasolina |
|
34,8% a álcool |
33,8% álcool |
Enquanto a carga tributária total do País, conforme o Instituto
Brasileiro de Planejamento Tributário, cresceu de 30,03% no ano 2000
para 35,04% em 2010, o imposto sobre veículo não acompanhou esse
aumento.
Isso sem contar as ações do governo que baixou o IPI (retirou, no
caso dos carros 1.0) durante a crise econômica. A política de incentivos
durou de dezembro de 2008 a abril de 2010, reduzindo o preço do carro
em mais de 5% sem que esse benefício fosse totalmente repassado para o
consumidor.
As montadoras têm uma margem de lucro muito maior no Brasil do que em
outros países. Uma pesquisa feita pelo banco de investimento Morgan
Stanley, da Inglaterra, mostrou que algumas montadoras instaladas no
Brasil são responsáveis por boa parte do lucro mundial das suas matrizes
e que grande parte desse lucro vem da venda dos carros com aparência
fora de estrada. Derivados de carros de passeio comuns, esses carros
ganham uma maquiagem e um estilo aventureiro. Alguns têm suspensão
elevada, pneus de uso misto, estribos laterais e para choque saliente.
Outros têm faróis de milha e, alguns, o estepe na traseira, o que
confere uma aparência mais esportiva.
A margem de lucro é três vezes maior que em outros países
O Banco Morgan concluiu que esses carros são altamente lucrativos,
têm uma margem muito maior do que a dos carros dos quais são derivados.
Os técnicos da instituição calcularam que o custo de produção desses
carros, como o CrossFox, da Volks, e o Palio Adventure, da Fiat, é 5
a 7% acima do custo de produção dos modelos dos quais derivam: Fox e
Palio Weekend. Mas são vendidos por 10% a 15% a mais.
O Palio Adventure (que tem motor 1.8 e sistema locker), custa R$ 52,5
mil e a versão normal R$ 40,9 mil (motor 1.4), uma diferença de 28,5%.
No caso do Doblò (que tem a mesma configuração), a versão Adventure
custa 9,3% a mais.
O analista Adam Jonas, responsável pela pesquisa, concluiu que, no
geral, a margem de lucro das montadoras no Brasil chega a ser três vezes
maior que a de outros países.
O Honda City é um bom exemplo do que ocorre com o preço do carro no
Brasil. Fabricado em Sumaré, no interior de São Paulo, ele é vendido no
México por R$ 25,8 mil (versão LX). Neste preço está incluído o frete,
de R$ 3,5 mil, e a margem de lucro da revenda, em torno de R$ 2 mil.
Restam, portanto R$ 20,3 mil.
Adicionando os custos de impostos e distribuição aos R$ 20,3 mil,
teremos R$ 16.413,32 de carga tributária (de 29,2%) e R$ 3.979,66 de
margem de lucro das concessionárias (10%). A soma dá R$ 40.692,00.
Considerando que nos R$ 20,3 mil faturados para o México a montadora já
tem a sua margem de lucro, o
Lucro Brasil (adicional) é de R$ 15.518,00: R$ 56.210,00 (preço vendido no Brasil) menos R$ 40.692,00.
Isso sem considerar que o carro que vai para o México tem mais
equipamentos de série: freios a disco nas quatro rodas com ABS e EBD,
airbag duplo, ar-condicionado, vidros, travas e retrovisores elétricos. O
motor é o mesmo: 1.5 de 116cv.
Será possível que a montadora tem um lucro adicional de R$ 15,5 mil
num carro desses? O que a Honda fala sobre isso? Nada. Consultada, a
montadora apenas diz que a empresa não fala sobre o assunto.
Na Argentina, a versão básica, a LX com câmbio manual, airbag duplo e
rodas de liga leve de 15 polegadas, custa a partir de US$ 20.100 (R$
35.600), segundo o Auto Blog.
Já o Hyundai ix35 é vendido na Argentina com o nome de Novo Tucson
2011 por R$ 56 mil, 37% a menos do que o consumidor brasileiro paga por
ele: R$ 88 mil.
Porque o mesmo carro é mais barato na Argentina e no Chile?
A ACARA, Associacion de Concessionários de Automotores De La
Republica Argentina, divulgou em fevereiro, no congresso dos
distribuidores dos Estados Unidos (N.A.D.A), em São Francisco, os
valores comercializados do Corolla nos três países. No Brasil o carro
custa U$ 37.636,00, na Argentina U$ 21.658,00 e nos EUA U$ 15.450,00.
O consumidor paraguaio paga pelo Kia Soul U$ 18 mil, metade do preço
do mesmo carro vendido no Brasil. Ambos vêm da Coréia. Não há imposto
que justifique tamanha diferença de preço.
Outro exemplo de causar revolta: o Jetta é vendido no México por R$ 32,5 mil. No Brasil esse carro custa R$ 65,7 mil.
Quer mais? O Gol I-Motion com airbags e ABS fabricado no Brasil é vendido no Chile por R$ 29 mil. Aqui custa R$ 46 mil.
A Volkswagen não explica a diferença de preço entre os dois países. Solicitada pela reportagem, enviou o seguinte comunicado:
As principais razões para a diferença de preços do veículo no
Chile e no Brasil podem ser atribuídas à diferença tributária e
tarifária entre os dois países e também à variação cambial.
Questionada, a empresa enviou nova explicação:
As condições relacionadas aos contratos de exportação são temas
estratégicos e abordados exclusivamente entre as partes envolvidas.
Nenhum dirigente contesta o fato de o carro brasileiro ser caro,
mesmo considerando o preço FOB: o custo de produção, sem a carga
tributária.
Mas o assunto é tão evitado que até mesmo consultores independentes
não arriscam a falar, como o nosso entrevistado, um ex-utivo de uma
grande montadora, hoje sócio de uma consultoria, e que pediu para não
ser identificado.
Ele explicou que no segmento B do mercado, onde estão os carros de
entrada, Corsa, Palio, Fiesta, Gol, a margem de lucro não é tão grande,
porque as fábricas ganham no volume de venda e na lealdade à marca. Mas
nos segmentos superiores o lucro é bem maior.
O que faz a fábrica ter um lucro maior no Brasil do que no México,
segundo consultor, é o fato do México ter um mercado mais competitivo.
City é mais barato no México do que no Brasil por causa do drawback
Um dirigente da Honda, ouvido em off, responsabilizou o
drawback, para explicar a diferença de preço do City vendido no Brasil e no México. O
drawback é
a devolução do imposto cobrado pelo Brasil na importação de peças e
componentes importados para a produção do carro. Quando esse carro é
exportado, o imposto que incidiu sobre esses componentes é devolvido, de
forma que o
valor base de exportação é menor do que o custo
industrial, isto é: o City é exportado para o México por um valor menor
do que os R$ 20,3 mil. Mas quanto é o valor dos impostos das peças
importadas usadas no City feito em Sumaré? A fonte da Honda não
responde, assim como outros dirigentes da indústria se negam a falar do
assunto.
Ora, quanto poderá ser o custo dos equipamentos importados no City?
Com certeza é menor do que a diferença de preço entre o carro vendido no
Brasil e no México (R$ 15 mil).
A propósito, não se deve considerar que o dólar baixo em relação ao real barateou esses componentes?
A conta não bate e as montadoras não ajudam a resolver a equação. O
que acontece com o Honda City é apenas um exemplo do que se passa na
indústria automobilística. Apesar da grande concorrência, nenhuma das
montadoras ousa baixar os preços dos seus produtos. Uma vez
estabelecido, ninguém quer abrir mão do apetitoso
Lucro Brasil.
Ouvido pela
AutoInforme, quando esteve em visita a Manaus, o
presidente mundial da Honda, Takanobu Ito, respondeu que, retirando os
impostos, o preço do carro do Brasil é mais caro que em outros países
porque
aqui se pratica um preço mais próximo da realidade. Lá fora é mais sacrificado vender automóveis.
Ele disse que o fator câmbio pesa na composição do preço do carro Brasil, mas lembrou que o que conta é o valor percebido.
O que vale é o preço que o mercado paga.
E porque o consumidor brasileiro paga mais do que os outros?
Eu também queria entender - respondeu Takanobu Ito - a verdade é
que o Brasil tem um custo de vida muito alto. Até o McDonald aqui é o
mais caro do mundo.
Se a moeda for o Big Mac - confirmou Sérgio Habib, que foi
presidente da Citroën e hoje é importador da chinesa JAC - o custo de
vida do brasileiro é o mais caro do mundo. O sanduíche custa U$ 3,60 lá e
R$ 14,00 aqui. Sérgio Habib investigou o mercado chinês durante um
ano e meio à procura por uma marca que pudesse representar no Brasil. E
descobriu que o governo chinês não dá subsídio à indústria
automobilística que o salário dos engenheiros e dos operários chineses
não são menores do que os dos brasileiros.
Tem muita coisa torta no Brasil - concluiu o empresário, não
é o carro. Um galpão na China custa R$ 400,00 o metro quadrado, no
Brasil custa R$ 1,2 mil. O frete de Xangai e Pequim custa U$ 160,00 e de
São Paulo a Salvador R$ 1,8 mil.
Para o presidente da PSA Peugeot Citroën, Carlos Gomes, os preços dos
carros no Brasil são determinados pela Fiat e pela Volkswagen.
As demais montadoras seguem o patamar traçado pelas líderes, donas dos maiores volumes de venda e referência do mercado, disse.
Fazendo uma comparação grosseira, ele citou o mercado da moda, talvez
o que mais dita preço e o que mais distorce a relação custo e preço:
Me diga, por que a Louis Vuitton deveria baixar os preços das suas bolsas?, questionou.
Ele se refere ao
valor percebido pelo cliente. É isso que vale.
O preço não tem nada a ver com o custo do produto. Quem define o preço é o mercado,
disse um utivo da Mercedes-Benz, para explicar porque o brasileiro paga
R$ 265.00,00 por uma ML 350, que nos Estados Unidos custa o equivalente
a R$ 75 mil.
Por que baixar o preço se o consumidor paga?, explicou o utivo.
Em 2003, quando foi lançado, o EcoEsport, da Ford, não tinha
concorrente. Era um carro diferente, inusitado. A Ford cobrou caro a
exclusividade: segundo informações de uma fonte que tinha grande ligação
com a empresa na época, e conhecia os custos do produto, o carro tinha
uma margem líquida de US$ 5 mil.
A montadora põe o preço lá em cima. Se colar, colou
Quando um carro não tem concorrente direto, a montadora joga o preço lá pra cima, disse um dirigente do setor. É
usual, até, a fábrica lançar o carro a um preço acima do pretendido,
para tentar posicionar o produto num patamar mais alto. Se colar, colou.
Caso contrário, passa a dar bônus à concessionárias até reposicionar o
modelo num preço que o consumidor está disposto a pagar.
Um exemplo recente revela esse comportamento do mercado. A Kia fez um
pedido à matriz coreana de dois mil Sportage por mês, um volume que,
segundo seus dirigentes, o mercado brasileiro poderia absorver. E já
tinha fixado o preço: R$ 75 mil. Às vésperas do lançamento soube que a
cota para o Brasil tinha sido limitada a mil unidades. A importadora,
então, reposicionou o carro num patamar superior, para R$ 86 mil. E,
como já foi dito aqui: pra que vender por R$ 75 mil se tem fila de
espera pra comprar por R$ 86 mil? A versão com câmbio automático,
vendida a R$ 93 mil, tem fila de espera e seu preço sobe para R$ 100 mil
no mercado paralelo.
Cledorvino Belini, que também é presidente da Fiat Automóveis e
membro do Conselho Mundial do Grupo Fiat, responsabiliza os custos dos
insumos pelo alto preço do carro feito no Brasil. Disse que o aço custa
50% mais caro no Brasil em relação a outros países e que a energia no
País é uma das mais caras do mundo.
A Anfavea está fazendo um Estudo de Competitividade para mostrar ao governo o que considera uma injusta concorrência da indústria instalada no Brasil em relação aos importadores.
Os fabricantes consideram que o custo dos insumos encarece e prejudica a competitividade da indústria nacional.
O
aço comprado no Brasil é 40% mais caro do que o importado da China, que
usa minério de ferro brasileiro para a produção, revelou Belini. Ele
apontou também os custos com a logística como um problema da indústria
nacional e criticou a oneração do capital.
É preciso que o governo desonere o capital nos três setores: cadeia produtiva, na infraestrutura e na exportação de tributos, disse.
Com a crise, o setor mostrou que tem (muita) gordura pra queimar. O
preço de alguns carros baixou de R$ 100 mil para R$ 80 mil. Carros mais
caros tiveram descontos ainda maiores.
São comuns descontos de R$ 5 mil, 10 mil. Como isso é possível se não há uma margem tão elástica pra trabalhar?
A GM vendeu um lote do Corsa Classic com desconto de 35% para uma
locadora paulista, segundo um utivo da locadora em questão. Opreço
unitário foi de R$ 19 mil!
As montadoras tradicionais tentam evitar o óbvio, que é a perda de participação para as novas montadoras, disse
José Carlos Gandini, presidente da Kia e da Abeiva, a associação dos
importadores de veículos. O dólar é o mesmo pra todo mundo. As
montadoras também compram componentes lá fora, e muito. Além disso, os
importados já pagam uma alíquota de 35%, por isso não se trata de uma
concorrência desleal, ao contrário, as grandes montadoras não querem é
abrir mão da margem de lucro.
Míni no tamanho, big no preço
Míni, Fiat 500, Smart, são conceitos diferentes de um carro comum:
embora menores do que os carros da categoria dos pequenos, eles
proporcionam mais conforto, sem contar o cuidado e o requinte com que
são construídos. São carros chiques, equipados, destinados a um público
que quer se exibir, que quer estar na moda. Que paga R$ 60 mil por um
carro menor do que o Celta que custa R$ 30 mil e já é caro.
Onde estão os R$ 30 mil que o consumidor está pagando a mais pelo Smart e o Cinquecento e os R$ 70 mil a mais pelo Míni Cooper?
A Mercedes-Benz, importadora do Smart, fez as contas a nosso pedido
dos acessórios do minicarro. Ele tem quatro airbags, ar-condicionado
digital, freios ABS com EBD, controle de tração e controle de
estabilidade. Segundo a empresa, o custo desse pacote seria em torno de
R$ 20 mil, considerando os preços de equipamentos para a linha Mercedes,
uma vez que o Smart já vem completo e não dispõe dos preços desses
equipamentos separados.
Mesmo considerando esses preços ainda não se justifica os R$ 62 mil para um carro que leva apenas duas pessoas.
A Fiat vende o Cinquencento por R$ 62 mil, exatamente, e não por
acaso, o mesmo preço do Smart. O carro tem sete airbags, banco de couro,
ar-condicionado digital, teto solar, controle de tração, mas é menor
que o Celta. Esse pacote custaria, somando os valores dos equipamentos,
conforme preços divulgados pela Fiat, R$ 24 mil. Portanto, no preço
cobrado, de R$ 62 mil, tem uma margem de lucro muito maior do que a de
um carro comum.
E quem comprar o minúsculo Míni Cooper vai pagar a pequena fortuna de R$ 105 mil.
Claro que tamanho não é documento, especialmente quando se fala de
carro. Você poderia dizer que a Ferrari é do tamanho de uma Kombi. Mas o
fato é que as montadoras posicionam seus produtos num determinado
patamar sem levar em conta o tamanho, o tipo de uso ou o custo do
produto, mas apenas o preço que o mercado paga, optando por vender mais
caro em vez de priorizar o volume, ganhando na margem de lucro.
Essa política pode ser válida para uma bolsa da Louis Vuitton, um
produto supérfluo destinado a uma pequena parcela da elite da sociedade,
ou mesmo para uma Ferrari, pra não sair do mundo do automóvel. Mas não
deveria ser para um carro comum.
Além disso, existem exemplos de carro muito bem equipado a preços bem
mais baixos. O chinês QQ, da Chery, vem a preço de popular mesmo
recheado de equipamentos, alguns deles inexistentes mesmo em carros de
categoria superior, como airbag duplo e ABS, além de CD Player, sensor
de estacionamento. O carro custa R$ 22.990,00, isso porque o importador
sofreu pressão das concessionárias para não baixar o preço ainda mais.
A idéia original - disse o presidente da Chery no Brasil, Luiz Curi - era vender o QQ por R$ 19,9 mil. Segundo
Curi, o preço do QQ poderá chegar a menos de R$ 20 mil na versão 1.0
flex, que chega no ano que vem. Hoje o carro tem motor 1.1 litro e por
isso recolhe o dobro do IPI do 1000cc, ou 13%, isso além dos 35% de
Imposto Importação.
As fábricas reduzem os custos com o aumento da produção, espremem os
fornecedores, que reclamam das margens limitadas, o governo reduz
imposto, como fez durante a crise, as vendas explodem e o Brasil se
torna o quarto maior mercado do mundo.
E o Lucro Brasil permanece inado, obrigando o consumidor a comprar o carro mais caro do mundo.
Fonte: AUTO INFORME:
http://www.autoinforme.com.br/m5.asp?cod_pagina=381&cod_noticia=451#
Veja também: GOL - O CARRO MAIS VENDIDO (AOS OTÁRIOS):
http://cacamentiras.blogspot.com.br/2012/09/gol-o-carro-mais-vendido-aos-otarios.html