Por: Jarbas Passarinho
Foi ministro de Estado, governador e senador
Foi ministro de Estado, governador e senador
Correio Braziliense
O velho Partido Comunista tinha uma seção de seu
organograma que figurava entre as mais importantes, acima da destinada à
capacitação política, que requer estudo ideológico. Era (ou é) a Agitação e
Propaganda, sigla Agit-Prop. Militantes com
grande talento para persuasão eram recrutados para ela. Na França, o exemplo
mais significativo foi o do filósofo Ignace Lepp, que depois de
desencantado escreveu o magnífico livro Itinerário de Marx a Cristo, que já
reli várias vezes.
Do fim da 2ª Grande Guerra para cá se tem falado
freqüentemente em Goebbels como o pai da
máxima: “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”.
Não são
necessárias mil vezes, desde que habilmente ditas como verídicas no momento
oportuno. Na última campanha eleitoral, o Brasil foi inundado de candidatos,
que, com freqüência, tinham a mentira como discurso predileto. Voltando aos
comunistas, constantemente dizem, no Brasil, que quem é contra eles pensa que
comunista come criancinhas. No livro Leaders, de Nixon, ele conta que Konrad Adenauer, governante da
Alemanha Federal, lhe disse que, recebido em Moscou, Krushev, hostilmente, lhe
disse: “Vocês capitalistas assam comunistas, os comem e, o que é pior, sem
sal”. É uma variante que vem da matriz, o que prova ser criação para uso
mundial.
Faz muito tempo que, vitoriosa a contra-Revolução de 64,
o Dops era mandado “prender os de sempre”. No Rio, um dos comunistas
históricos, Mário Lago, foi preso com outros militantes. Ao serem soltos, um
deles, honesto, à pergunta do chefe da patrulha que os libertava respondeu que
não sofrera tortura. Ao saírem, Mário o repreendeu e teria dito: “Nunca
diga isso. Responda sempre que foi torturado”. Assim treinados, assim fazem sempre, do mesmo modo que
os criminosos, depois de confessarem o crime à polícia, são orientados por
advogados inescrupulosos para, diante do juiz, afirmarem que a confissão foi
obtida sob tortura. Não direi que são falsidades sem contestação, mas há
igualmente os mentirosos que caluniam a serviço do comunismo, como do nazismo.
Em março de 64, o chefe da seção de informações do Comando Militar da Amazônia
apreendeu um livreto do PCB sob título: Se fores preso, camarada. Eram
instruções de como proceder.
Cuspir na cara dos policiais para provocar a reação violenta,
de modo a chamar a atenção de testemunhas, era uma das formas de buscarem apoio
popular. Outra, quando solto, queixar-se invariavelmente de tortura de todo
tipo. Ministro de
Médici, levei-lhe, certo dia, a informação segura de violência
praticada contra uma comunista, universitária. No mesmo instante, vi-o
telefonar para quem de direito e mandar punir os responsáveis. Por isso sempre, ao
reconhecer a tortura episódica, defendi o presidente por não ser a violência
uma norma institucional. O que não impede a constante repetição da versão
contrária como a verdadeira. Assim me parece ser a reiterada tentativa de
comprometer o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. Vim a conhecê-lo, destacado oficial, quando eu era
senador e dele li os originais do seu livro Rompendo o silêncio, “uma resposta
à injúria, à difamação, à calúnia e à mentira”.
Adido militar no Uruguai, numa visita do então
presidente Sarney, que se fazia acompanhar de séqüito a que pertencia a então
deputada do PT Bete Mendes, atriz da TV
Globo, encontraram-se em cerimônia na embaixada brasileira. Trocaram
aperto de mão, ela externou a satisfação de reencontrá-lo e sugeriu um brinde
durante o qual, na presença de todos, lhe teceu elogios. Dois dias depois da
volta ao Brasil, ela o acusaria de torturador durante seus 18 dias de prisão no
órgão militar que ele chefiava na contra-insurreição. Por
que a mudança tão súbita, em 48 horas?No livro, que financiou pessoalmente, o coronel Ustra transcreve o
depoimento que ela prestou, assistida por dois advogados, inclusive no
inquérito policial, ao ser solta. Nele consta a declaração de não ter sofrido
nenhum tipo de tortura física ou psíquica e de haver chorado copiosamente,
dizendo-se arrependida de ter militado na guerrilha, sempre
na presença dos dois advogados de quem não conheço qualquer endosso às
declarações posteriores da atriz.
Lembrei-me do Se fores preso, camarada e do histórico
comunista, Mário Lago, repreendendo seu camarada. A carreira militar do
brilhante coronel foi interrompida, como se fora um réprobo. Agora, uma família
de comunistas entrou com uma ação judicial contra o coronel acusando-o
pessoalmente de torturador, com a agravante de seus filhos, crianças, terem
sofrido sevícia. Do que sei, uma policial apiedada dessas crianças, uma vez
presos os pais que acompanharam, pediu para ficarem em sua casa até chegarem os
parentes, chamados para virem buscá-las. A eles foram entregues sãos e bem
tratados.
A calúnia é como o fogo: quando não queima, tisna. Eu
mesmo sofri, de radicais, a insinuação de que eu era um esquerdista infiltrado
nos governos dos generais. Sei a revolta que a difamação provoca. Por isso, não
posso calar na defesa de quem se sabe inocente e paga o preço de defender sua
pátria agredida pelas armas. Seus acusadores eram guerrilheiros.
Seus modelos eram Cuba, China e União Soviética, torturadores, delatores e
forjadores de depoimentos mentirosos, véspera da eliminação física. Sabem que o
coronel legalmente é inimputável, devido à Lei da Anistia. Dizem não postular
indenizações. Que buscam, pois, senão uma vingança 36 anos decorridos?
Certamente, o prazer de ter o retrato do coronel Ustra, na televisão, visto por milhões de telespectadores,
acusado do “crime torpe”, o de impedir, com risco da própria vida, a instalação
de um Brasil igual a Cuba?
Fonte: A VERDADE SUFOCADA.COM: http://www.averdadesufocada.com/index.php/textos-de-terceiros-site-34/190?task=view