O gramscismo e os seus
principais agentes no Brasil - por FELIPE TELLES
Antonio Gramsci, nascido na Itália, é um dos maiores
responsáveis pelo processo de completa degeneração moral verificado no Brasil,
embora muitos sequer tenham ouvido falar em seu nome. Foi membro-fundador e
secretário-geral do Partido Comunista da Itália, acabou sendo preso por ação de
Mussolini em 1926, o que não o impediu de escrever suas notas, que saíam da
prisão por intermédio de sua cunhada, funcionária da embaixada soviética em
Roma. Notas que viriam a se tornar a bíblia da estratégia revolucionária.
“Gramsci ficou
meditando na cadeia. Mussolini, que o mandara prender, acreditava estar
prestando um serviço ao mundo com o silêncio que impunha àquele cérebro que
julgava temível. Aconteceu que, no silêncio do cárcere, o referido cérebro não
parou de funcionar; apenas germinou ideias que dificilmente lhe teriam ocorrido
na agitação das ruas. Gramsci transformou a estratégia comunista, de um grosso
amálgama de retórica e força bruta, numa delicada orquestração de influências
sutis, penetrante como a Programação Neurolinguística” (Olavo de Carvalho,
1994).
Marxista, Gramsci
foi o responsável por unir Maquiavel e Marx em uma só doutrina. Ele ensinou
que, para o marxismo triunfar, deve haver uma abdicação do radicalismo
ostensivo a fim de ampliar a margem de alianças. Ensinou que a zona mais
profunda da sabotagem psicológica deve prevalecer em relação ao combate
político direto. Ensinou, principalmente, que dizimar as bases morais e
culturais do adversário é mais importante que ganhar votos.
Chegou à referida
conclusão ao analisar a postura do governo russo para implementação do
comunismo e logo percebeu que algo havia de errado. As massas,
predominantemente religiosas e conservadoras, ofereciam resistência ao plano
revolucionário que estava sendo imposto, eternizando a etapa de transição, a
ditadura do proletariado, e impedindo o advento, de fato, do comunismo. Para
contornar essa dificuldade, seria necessário o adestramento do povo durante a
vigência do capitalismo. Assim, com o advento do comunismo, não existiria
resistência e todos aceitariam de bom grado um regime que rompesse com valores
até pouco tempo considerados sacros pela população.
Em suas notas, escritas
durante o tempo em que esteve preso, dois termos eram sempre diferenciados:
poder e hegemonia. Poder é “o domínio sobre o aparelho de Estado, sobre a
administração, o exército e a polícia”, enquanto hegemonia é “o domínio
psicológico sobre a multidão”. Daí a característica essencial do Gramscismo: o
poder fundado numa hegemonia prévia, absoluto e incontestável, diferindo
bastante das estratégias adotadas por Lenin, em que o controle deveria ser
conquistado meramente pelo uso da força.
Gramsci ensina estar em jogo um terreno mais profundo que
o confronto ideológico: o senso comum, dominado por automatismos mentais,
representando hábitos inconscientes por parte da população e originando modelos
padronizados de reagir às situações. Observou que o senso comum do povo é
constituído de uma verdadeira “suruba ideológica”. É muito comum encontrar,
mesmo atualmente, pessoas que defendem interesses de grupos ideológicos
opostos. Por exemplo: um socialista que possui hábito de ir à Igreja e não
percebe a enorme contradição deste fato. Gramsci pretendia reformar o senso
comum, de tal forma que as pessoas passassem a ser coerentes com o interesse de
classe respectivo.
“Não basta derrotar a ideologia expressa da burguesia,
era preciso extirpar, junto com ela, todos os valores e princípios herdados de
civilizações anteriores, que de algum modo incorporou e que se encontram hoje
no fundo do senso comum. Trata-se, enfim, de uma gigantesca operação de lavagem
cerebral visando apagar da mentalidade popular, e sobretudo do fundo
inconsciente do senso comum, toda a herança moral e cultural da humanidade,
para substituí-la por princípios radicalmente novos, fundados no historicismo
absoluto.
Uma operação dessa envergadura transcende infinitamente o
plano de mera pregação revolucionária e abrange mutações psicológicas de imensa
profundidade.” Como executar uma alteração drástica no senso comum e obter a
tão sonhada hegemonia? Gramsci enxerga que a peça principal do seu método é o
agente intelectual. Mas o intelectual, no sentido gramsciano, não é apenas o
filósofo, o historiador e o cientista. Jornalistas, funcionários dos correios,
locutores esportivos, cineastas, músicos e até mesmo humoristas podem ser tão
intelectuais quanto, basta que contribuam para a panfletagem ideológica e
influenciem a maior quantidade de pessoas possível. O que está em jogo não é a
busca pelo conhecimento e o compromisso com a verdade, mas tão somente a
contribuição com a primeira e mais decisiva etapa da estratégia.
Um intelectual academicamente rígido e um agitador
notório pouco possuem importância para a revolução gramsciana. Um jornalista
discreto, que não se posiciona explicitamente e vai mudando delicadamente o
teor do noticiário, e um cineasta cujos filmes não propõem qualquer mensagem política
ostensiva, certamente executam muito melhor a função de penetrar fundo no
imaginário popular. Desta maneira é formada a tropa de elite do exército
gramsciano, que introduz gradualmente novos sentimentos à população.
Confira exemplos do Gramscismo
em ação no Brasil:
O aborto é uma das maiores pautas da esquerda
revolucionária, que através de veículos influentes, sempre divulga dados
falsos. Conforme o DataSus, o número de abortos clandestinos é de
aproximadamente 100 mil ao ano, enquanto o número de mortes não passa de 44. Os
dados da matéria foram completamente inflacionados. O título transfere a culpa para a vítima,
desfocando a atrocidade cometida pelo bandido. Prática bastante comum na mídia
brasileira.
Há uma tendência midiática em sempre associar qualquer
tipo de atrocidade à “extrema-direita”, uma estratégia para adestrar a
população e transferir a culpa dos atos sempre para uma abstração inexistente.
O indivíduo em questão era um neonazista, portanto, posicionado no espectro
político da esquerda. Ao perceber a ascensão do candidato Jair Bolsonaro, a
grande mídia faz de tudo para evitar citá-lo, com manobras sórdidas a fim de
apagá-lo do imaginário popular. Exemplos de agentes do Gramscismo:
Juninho Pernambucano, ex-jogador de futebol e jornalista esportivo, usa de
sua popularidade para influenciar politicamente os jovens. O Twitter é a sua
principal arma.
Tico Santa Cruz é vocalista da banda Detonautas, que fez bastante
sucesso nos anos 90. Entretanto, atualmente é mais conhecido por seu desconhecimento
sobre ciência política básica e por suas controversas opiniões que faz questão
de expor sempre que tem oportunidade. É defensor assíduo do PT, do desarmamento
e da estatização. O Facebook é a sua principal arma.
Gregório Duvivier é humorista e “isentão”, um dos tipos de agentes mais
perigosos. Notabilizou-se por defender políticos criminosos como Lula e Dilma,
pautas como aborto e drogas e movimentos “sociais” como o MST. Entretanto,
Duvivier se autodenomina “independente” e continua a influenciar os
jovens.
Vale ressaltar, por último, que o rigor dogmático
presente no Gramscismo é muito inferior ao de todas as outras correntes
marxistas ante sua preocupação meramente disseminativa: qualquer obra ou pessoa
pode contribuir para a propagação dos cacoetes revolucionários. Títulos
distorcidos propositalmente; omissão de informações em textos jornalísticos;
matérias unidas com outras cujo efeito de conjunto proporciona um novo sentido.
Tudo isso é válido, pois os fins justificam os meios.
Embora o número de autodeclarados gramscistas não seja
grande (Gilberto Dimenstein, jornalista e dono da Catraca Livre, foi um dos
poucos a citar Gramsci nominalmente, na Folha de São Paulo, em 1997), são
necessários poucos dias no Brasil para presenciar tamanha a devastação causada
pela ideologia. Pessoas que jamais ouviram falar em Antonio Gramsci reproduzem
cacoetes mentais dos mais tenebrosos, isto que gramscismo não é um partido
político e não necessita de eleitores fiéis. O gramscismo coloca o indivíduo
numa posição de colaboração em favor da ideologia, sem que disto o colaborador
tenha a menor consciência.
Adolescentes que mal saíram do ensino fundamental repetem
“Fora, Temer”, sem que de política tenham a menor consciência. Jovens
histéricos repetem “nenhum direito a menos” ao falar sobre a PEC 55, sem que de
finanças públicas tenham o menor conhecimento. Estudantes de humanas das
universidades federais propagam vulgaridades filosóficas como “nada é errado se
te faz feliz” e “não existem verdades absolutas”. Todos comportamentos
absolutamente automáticos e previsíveis, meros automatismos mentais impregnados
da forma mais sórdida possível.
Fonte: VOX BRASILIS: http://voxbrasilis.com/o-gramscismo-e-os-seus-agentes-no-brasil/