mentirosos

mentirosos
BLOG ESPECIALIZADO EM DESMASCARAR EMBUSTEIROS E DIVULGAR MATÉRIAS INTERESSANTES.

sexta-feira, 30 de março de 2012

O JUIZ INIMIGO Nº 1 DOS NARCOTRAFICANTES


Magistrado mais antigo do país na esfera da 1ª instância federal, o Juiz Odilon de Oliveira já condenou centenas de traficantes e tirou cerca de R$ 2 bilhões de reais da mão de criminosos.

Sua história de vida é parecida com a de qualquer outro imigrante nordestino. Casado com Maria Divina de Oliveira, pai de três filhos, todos advogados, e fã de Jerry Adriani, Jovem Guarda, livros sobre terrorismo e crime organizado, Odilon de Oliveira nasceu há 60 anos no pequeno município de Exu, em Pernambuco. Aos 4 anos se mudou com a família para o Estado do Mato Grosso. Filho de pais lavradores, teve uma infância miserável, que lhe custou a vida de primos e de um irmão. Trabalhou na roça dos sete aos 17 anos. Foi alfabetizado em casa, meio a contra-gosto no início, por um roceiro amigo da família. Concluiu o ensino médio 15 anos depois, já com 24 anos e bem mais amigo dos livros, em uma escola pública da cidade de Jaciara, onde a família tinha se instalado quando chegara ao Mato Grosso. No ano seguinte, partiu para Campo Grande, onde se formou em Direito pela Universidade Católica Dom Bosco, instituição particular que bancou dando aulas como professor primário em uma cidade próxima.

30 anos depois de se formar como advogado, ele é reconhecido nas ruas de Campo Grande -  chegou até a dar autógrafos. Não, ele não abandonou a advocacia para se tornar jogador de futebol, nem cantor de dupla sertaneja e muito menos ex-participante de um reality show qualquer. Na verdade, é aqui que sua vida deixa de ser parecida com a de qualquer outro imigrante nordestino, ou melhor, é aqui que sua vida deixa de ser parecida com a de qualquer pessoa normal.

Odilon ganhou notoriedade por sua atuação como juiz federal, função que exerce desde 1987. Principalmente entre os anos de 2004 e 2005, quando esteve em Ponta Porã, município que faz divisa com o Paraguai. Neste período, ele condenou mais de 100 traficantes, desmantelou quadrilhas especializadas em lavagem de dinheiro e tirou das mãos de criminosos mais de 30 mansões, 18 aviões, 85 fazendas (que juntas somam 36 mil hectares) e centenas de automóveis e apartamentos. No total, um prejuízo de cerca de R$ 2 bilhões ao tráfico. Tirar esses recursos dos traficantes representa uma dupla vitória, diz Odilon, pois também existe o golpe moral, importante para mostrar aos jovens que o crime não compensa.

Mas não foram apenas os duros golpes desferidos contra o tráfico que chamaram a atenção da mídia e do público.

Odilon se tornou, neste período, inimigo número 1 dos traficantes: sua cabeça chegou a valer, segundo investigações da polícia brasileira e paraguaia, US$ 1 milhão no mercado do crime de encomenda. Com a segurança em risco, enquanto morou em Ponta Porã, só saia do Fórum em caso de extrema necessidade. Abriu mão do convívio diário com a família, que ficou em Campo Grande, de restaurantes (ele almoçava marmitex comprados em locais estratégicos para evitar o risco de envenenamento) e chegou a morar integralmente na sala onde despachava, sobre um colchonete e sob a vigilância de sete agentes federais fortemente armados.

A história do juiz que vivia tão ou mais confinado que os bandidos que condenava começava a chamar, ainda mais, a atenção. "A diferença é que eu tenho a chave da minha cadeia", repetia Odilon nas diversas entrevistas que concedia.

Hoje, já de volta a Campo Grande, Odilon ainda não conquistou seu habeas corpus. Seja em casa, no prédio da Justiça Federal do Mato Grosso do Sul, onde trabalha, ou durante suas caminhadas nas dependências de uma unidade militar de Campo Grande, ele está sempre acompanhado de agentes federais. O trajeto entre esses lugares é feito apenas com veículos com blindagens que suportam tiros de fuzil: “Já não dirijo há mais de cinco anos”, reclama o juiz. Foi sob este forte esquema de segurança que conseguimos bater um papo com Odilon de Oliveira.

Como foi sua infância? E a saída de Pernambuco para o Mato Grosso?
A minha infância foi muito sofrida, de passar fome mesmo. Trabalhava o dia todo na roça, desde o clarear do dia até escurecer. Brincar mesmo só aos domingos, depois de tratar os animais. Saímos de Pernambuco quando o Governo do Estado de Mato Grosso estava colonizando a região norte. Havia muita migração de nordestinos. Meu pai e mais oito irmãos vieram e se estabeleceram no Município de Jaciara, onde cada um adquiriu, dentro desse programa estadual de colonização, uma pequena área de terra. Os lotes ficavam um ao lado do outro e a cultura era apenas de subsistência, manual. Eu, meus irmãos e todos os primos crescemos nesse ambiente.
"Fui alfabetizado tardiamente, à noite, em casa, após um dia de trabalho cansativo, em volta de uma mesa de madeira e à luz de lamparinas"
E sua alfabetização? Quem te ensinava? O senhor gostava de estudar, mesmo depois de um dia inteiro de trabalho?
Fui alfabetizado tardiamente, à noite, em casa, após um dia de trabalho cansativo, em volta de uma mesa de madeira e à luz de lamparinas. O professor chamava-se José de Laurindo, que também era roceiro e não devia ter mais do que o primário, hoje 4ª série. Eu não gostava muito de estudar. Minha mãe conta que eu furava a tabuada e a cartilha pensando que, assim, ficaria livre dos estudos. Depois de concluir o ginásio numa escola de educandários, gratuita, terminei, em 1972, o segundo grau, já com quase 24 anos de idade, em uma escola pública de Jaciara.

E a faculdade de direito? De onde surgiu a vontade de ser advogado?
Quando eu ainda trabalhava na roça com meus irmãos, já pensava em ser advogado. Ouvia histórias de advogados e isto me empolgava. “Ainda vou ser advogado”, eu dizia, pra reprovação dos meus irmãos. 

E onde fez faculdade? Como foi sua vida neste período?
No começo de 1973, deixei Jaciara e vim para Campo Grande, onde eu tinha passado nos vestibulares de pedagogia e direito. Optei pelo curso de direito, na Universidade Católica Dom Bosco, onde me formei em 1977. Eu morava numa antiga pensão, em Campo Grande, e, até o 4º ano do curso, dava aulas na pequena cidade de Sidrolândia, a 70 km de Campo Grande. Ia e vinha de ônibus, numa estrada sem asfalto. Neste meio tempo me casei, em 1975, e fui morar num bairro distante. Das 2 da tarde até às 6, depois chegar de Sidrolândia, eu ainda fazia estágio, que me pagava um salário mínimo. O que eu ganhava mal dava para sustentar a família. A faculdade me dava um desconto, a título de bolsa, e o restante era financiado pelo crédito educativo. Pelas dificuldades financeiras e pela falta de tempo e de ambiente, nunca me envolvi com o lado social. Todo o tempo que sobrava do trabalho era empregado nos estudos. Fui extremamente esforçado na faculdade, muito estudioso. Lembrava da vida dura da roça e sabia que meu futuro dependia do estudo.

Depois de se formar advogado, qual foi o caminho até se tornar juiz federal?
Quando passei no vestibular de direito, já pensava em ser juiz, mas não tinha noção de fronteiras e pouco ouvia falar em drogas. Minha vontade era ser juiz porque achava interessante o papel do julgador. Dois anos depois de formado, fui aprovado em concurso nacional para procurador autárquico federal. Passados mais dois anos, também por concurso, assumi o cargo de promotor de justiça, no qual permaneci por apenas um ano. Fui aprovado em concurso para juiz de direito. Quatro anos mais tarde, em 1987, fui aprovado em concurso nacional e tomei posse como juiz federal. Como magistrado federal, atuei sempre em região de fronteira (Mato Grosso, Rondônia e Mato Grosso do Sul). Pelas características dos crimes, acho empolgante trabalhar em fronteira. Adoro o que faço. Se não fosse juiz, seria militar.
Atuando como juiz, o senhor já condenou diversos traficantes. O que é mais difícil: prender os acusados, condená-los ou mantê-los presos?
Condenar é mais fácil. Manter na cadeia gente miúda também é fácil. A quase totalidade dos 440 mil presos do Brasil é formada por criminosos do baixo clero. 90% saíram da população de baixa renda. A grande dificuldade é manter preso um bandido economicamente poderoso. Isto deixa no povo a impressão de que os tribunais interpretam a Constituição e as leis de maneira permissiva. Tem que haver uma mudança cultural em relação ao chamado “crime do colarinho branco”. Crime cometido com uma caneta é tão crime quanto o crime cometido com uma arma de fogo.

Uma das grandes críticas ao sistema Judiciário brasileiro é o excesso de burocracia e a sua lentidão. Por outro lado o esquema de tráfico e da lavagem de dinheiro cada vez se moderniza mais, fica mais eficiente. Como combater tais atividades nessas condições? Quais mudanças poderiam ser implementadas no sistema Judiciário para torná-lo mais eficaz?

O Brasil emprega um estilo vira-lata no combate ao crime organizado. Precisa de maior seriedade. Isto produz efeitos negativos internos e fora do país. A globalização da criminalidade, do tráfico de drogas, da lavagem de dinheiro e dos delitos financeiros, pedem uma estratégia dura por parte de todos os países. A fraqueza de um prejudica os demais, principalmente quando se trata de um corredor de exportação de cocaína, como é o Brasil, vizinho da Colômbia, Peru e Bolívia, maiores produtores mundiais dessa droga.
É preciso endurecer a legislação, estruturar as polícias, adequar o sistema prisional e acabar com a corrupção dentro dele, incrementar a cooperação internacional quanto à colheita de provas e recuperação de ativos, criar um cadastro nacional de imóveis urbanos e rurais e dar atenção a técnicas especiais de investigação, como delação premiada, infiltração de agentes, entregas vigiadas, vigilância eletrônica, vigilância bancária etc.
"Uma das grandes armas da megatraficância é exatamente se infiltrar no Estado-repressor, corrompendo ou colocando gente sua lá dentro"
A gente escuta falar que o tráfico está bancando o estudo de jovens para que se tornem advogados, promotores e até juizes. A intenção seria ter homens de confiança trabalhando para o tráfico dentro do sistema. O senhor tem informações sobre essa prática? Conhece algum caso?
Uma das grandes armas da megatraficância é exatamente se infiltrar no Estado-repressor, corrompendo ou colocando gente sua lá dentro. Essa prática já existe, embora seja difícil de ser identificada e provada, pois é exercitada silenciosamente, muito às ocultas. É como pressão alta e colesterol, que vão subindo de maneira dissimulada. Eu conheço alguns casos suspeitos.

Durante sua atuação em Ponta Porã, o senhor condenou 114 traficantes. Todos continuam presos? Qual a sensação de condenar um criminoso e ele conseguir a liberdade, seja através de recursos, ou através de maneiras menos lícitas: subornos, fugas de presídios, etc?

Os que não estão foragidos já se encontram em liberdade, salvo aqueles que voltaram a ser presos por novo crime. Até março de 2007, o traficante também tinha direito, segundo o Supremo Tribunal Federal, a permanecer em regime fechado apenas durante o cumprimento de um sexto da pena. Quem foi condenado a 18 anos cumpriu três e saiu, por exemplo. Depois, melhorou um pouco: sai do regime fechado o traficante que, primário, cumpre dois quintos, ou três quintos, se reincidente. Essa liberdade prematura deixa uma sensação de impotência e a certeza de que a sociedade passa a confiar cada vez menos na justiça penal.

No fim do ano passado o senhor recusou uma promoção a desembargador do Tribunal Regional Federal. Por quê?
Sempre recusei promoção por dois motivos básicos. Primeiro que a violência urbana de São Paulo me assusta e me faz preferir Campo Grande, cidade ainda boa para viver com a família. Segundo porque não tenho perfil para atuar em colegiado. Prefiro o front, o contato direto e pessoal com a realidade. A própria vivência já me tornou resistente e imune a eventuais riscos decorrentes desta longa atuação neste Estado.
O senhor já disse que a principal forma de combater o tráfico é a prevenção. Quais as práticas ideais que um país deve tomar para uma prevenção eficiente?
O uso de drogas virou uma pandemia no mundo inteiro. A prevenção começa com a educação escolar, com o diálogo aberto entre pais e filhos, entre a família e a escola. A estrutura familiar e a religiosidade são fundamentais. A criança, o adolescente e o jovem precisam conhecer os efeitos danosos das drogas. A lei nº 6.368/76, revogada após 30 anos, nunca foi cumprida na parte em que obrigava a criação de matéria específica e de formação de professores na área de prevenção. A prevenção ao uso de drogas corresponde ao saneamento básico em relação a certas doenças.

Desde agosto de 2006 a legislação brasileira proíbe a prisão de usuários e dependentes de qualquer droga. Concorda com essa determinação?
Vale no mundo das drogas a lei da oferta e da procura. A legislação penal brasileira peca por não fazer distinção entre o simples usuário e o dependente. No meu entender, o viciado não deve ser preso em hipótese alguma. Tem que se submeter a tratamento e a medida educativa. O simples usuário, aquele que não é viciado, deve ser condenado a penas de multa e de prestação de serviços à comunidade e a freqüentar programas educativos. No caso de recusa, ou de ineficiência dessas medidas, deverá ser levado à prisão, separadamente.

Abrir o jornal e ler que no mercado do crime encomendado sua cabeça vale US$ 1 milhão certamente não garante boas noites de sono. Mas, por outro lado, deve ser um motivo de certo orgulho...
Isto me dá a certeza de que meu trabalho vem gerando resultados positivos, atrapalhando o crime organizado.
"Já atiraram em minha casa e, em Ponta Porã, duas vezes tentaram invadir locais em que eu estava hospedado.”
Qual o pior atentado que sofreu? Alguma vez achou que iria morrer?
Nunca sofri atentados, mas já estive, algumas vezes, na iminência de sofrer. Já atiraram em minha casa e, em Ponta Porã, duas vezes tentaram invadir locais em que eu estava hospedado. Primeiro, foi no hotel de trânsito do Exército, sendo que a tentativa foi prontamente rechaçada por militares. Houve troca de tiros. Logo em seguida, ainda em 2005, num hotel comum perto da linha de fronteira, pistoleiros estavam posicionados num veículo aguardando minha saída. A escolta percebeu e o veículo fugiu para o Paraguai. Houve mais dois episódios numa academia de musculação, também em Ponta Porã, dos quais só depois se ficou sabendo. E alguns outros planos já foram descobertos e desarticulados.

Como sua família lida com todo o perigo que envolve sua profissão?
Eles se preocupam, mas apóiam o que faço.

Seus três filhos (Adriana Mara de Oliveira, 34, Adriano Magno de Oliveira 32, e Odilon de Oliveira Júnior, 25) são advogados. Algum quer seguir seus passos?
Nenhum deles quer ser juiz. É uma profissão que exige muita vocação, só se tiver no sangue mesmo. Porque, além de não valer a pena todo o risco que se corre, é uma área muito difícil de se atuar.
Já pensou em desistir do trabalho no Judiciário?
Quanto ao combate à criminalidade, os países são classificados em fortes, fracos e vencidos. A única coisa que me desestimula é sentir que o Brasil se enquadra no rol de fracos, já em transição para a última colocação...

O senhor voltou para Campo Grande no final de 2005. Como está a questão da sua segurança? E a privacidade? O que mais te incomoda em viver desta maneira?
A segurança não mudou. Ando em carro blindado e escoltado 24 horas por dia. Há um alojamento para as equipes de agentes federais dentro de minha casa. A convivência é boa. São profissionais e até faço amigos entre eles. Já não dirijo há mais de cinco anos. Tive que redefinir, flexibilizar, meu conceito de privacidade para me adaptar a essa segurança - definitivamente necessária no meu caso. O que mais me incomoda, além da falta de liberdade, é o constrangimento natural que causa uma escolta em certas situações. Por exemplo quando vou visitar um amigo ou quando uma pessoa conhecida tem que se identificar aos agentes para entrar em minha casa.

Se, por apenas um dia, o senhor pudesse sair de casa sem riscos e sem a necessidade de seguranças, o que você faria?

Passearia nas praças com meus dois netos.

Pesquisando, vi que o senhor vai se aposentar com 70 anos. Ou seja, daqui a dez anos. Tem planos para a aposentadoria?
Aos 70 anos, a aposentadoria será compulsória. Se pudesse, ficaria por mais tempo, não só porque tenho gás de sobra para o trabalho, mas também para não perder a segurança. Depois de aposentado, pretendo escrever sobre temas ligados à criminalidade.
Pra uma pessoa que já prendeu tanta gente e que vive preso a um sistema de segurança implacável, o que é liberdade para o senhor?
A liberdade é a coisa mais preciosa da vida, principalmente para quem a perdeu por imposição dos criminosos e não da lei.

Fonte: Revista Trip UOL - http://revistatrip.uol.com.br/so-no-site/entrevistas/filho-de-exu.html

quinta-feira, 29 de março de 2012

PADRE LANDELL, O BRASILEIRO INVENTOR DO RÁDIO


Roberto Landell de Moura foi um padre católico nascido em 21 de janeiro de 1861 na cidade de Porto Alegre-RS. Estudou Fìsica e eletricidade em Roma, e no Brasil, como autodidata, continuou seus estudos, realizando suas primeiras experiências públicas na cidade de São Paulo. Foi o pioneiro na transmissão da voz, utilizando aparelho de rádio de sua construção, patenteados no Brasil em 1901 e posteriormente nos EUA em 1904.
Seus experimentos antecederam os de outros inventores, como o canadense Reginald Fessenden (dezembro de 1900) e o italiano Marconi, que se notabilizou por transmitir sinais de telegrafia por rádio, mas só transmtiu a voz em 1914. Landel transmitiu a voz por dois meios: um transmissor de ondas que utilizava um microfone eletromecânico de sua invenção e também um aparelho de telefone sem fio, que utilizava a luz como uma onda condutora da informação de áudio, neste caso, uma idéia precursora da fibra ótica.
O jornal americano "The New York Herald" noticiou os trabalhos de Landell em 12 de outubro de 1902, em reportagem sobre as experiências desenvolvidas na época, inclusive por cientistas americanos, alemães, ingleses, entre outros, na transmissão de sons sem uso de aparelhos sem fio (wireless).
Veja a história completa no link:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Roberto_Landell_de_Moura

CORREIA PICANÇO, O GOIANENSE FUNDADOR DA 1ª ESCOLA DE MEDICINA DO BRASIL


José Correia Picanço nasceu na então Vila de Goiana, província de Pernambuco, em 10 de novembro de 1745, filho do cirurgião-barbeiro Francisco Correia Picanço e de Joana do Rosário das Neves. Os estudos primários foram concluídos na sua cidade natal quando já era adolescente. Sua família mudou-se para Recife e Correia Picanço passou a dedicar-se à profissão de seu pai. Assimilou-a e praticou-a tão bem que chamou a atenção do então governador da província de Pernambuco (1763-1768), Antônio de Souza Manoel de Menezes, Conde de Vila Flor, que o nomeou, em 1766, Cirurgião do Corpo Avulso de Ofício de Ordenança de Estradas e Reformados.
Mas, a meta profissional de Correia Picanço era ir além dessa nomeação. Na época, o título de Cirurgião-Barbeiro era importante, mas atribuído apenas às pessoas que sabiam ler e escrever e as suas atividades eram baseadas em parcos conhecimentos médicos que se limitavam ao tratamento de fraturas e luxações, a cura de feridas, a aplicação de ventosas, injeção e sanguessugas, a abrir abcessos, a extrair dentes e, também para justificar o título, cortar cabelo e fazer a barba.
Sendo assim, e por sua dedicação à arte de curar, o governador o enviou para Lisboa, onde Correia Picanço recebeu o título de Licenciado em Cirurgia, após o curso regular na Escola Cirúrgica do Hospital São José. Em seguida, de Lisboa ele foi para Paris e lá conquistou o grau de "Officier de Santè" (Oficial de Saúde). Na capital da França, fixou residência e consultório, e casou com Catarina Brochot, filha de um de seus mestres, Dr Claude Sabatier Brochot. Dessa união nasceram Manoel, Felipe, José, Antônio Correia Picanço e Izabel Brochot Picanço da Costa.
Em 1771, regressou a Lisboa, reinstalou seu consultório e foi nomeado, pelo Marquês de Pombal (Sebastião de Carvalho e Melo), professor da Cadeira de Anatomia da Universidade de Coimbra. Entretanto, como não tinha o grau de Doutor em Medicina, foi desprestigiado pelos colegas de ensino. Este fato foi mais que um incentivo para Correia Picanço retornar a Paris, matricular-se na Universidade de Montpellier, e obter o cobiçado título de Doutor em Medicina. Dessa forma, retornou a Coimbra e reassumiu a Cadeira de Anatomia, que professou durante dezoito anos. Inovou nos métodos didáticos quando introduziu o ensino da anatomia sobre o cadáver humano. Anteriormente, os estudantes utilizavam apenas animais.
Na década de 1790, de volta para Lisboa, exerceu cargos públicos relevantes: Primeiro Cirurgião da Real Câmara, Cirurgião-Mor do Reino e Deputado e membro nato da Real Junta do Promedicato (Junta de médicos que faziam inspeções sanitárias e fiscalizava as farmácias, chamadas àquela época de boticas).
Em 1870, devido à invasão napoleônica, D. João VI transfere-se com a família para o Brasil e José Correia Picanço, Primeiro Cirurgião da Real Câmara, o acompanha. Chegaram ao Brasil, na Bahia, em 1808. Com sua experiência profissional reconhecida e percebendo a carência de médicos formados no território brasileiro, Correia Picanço preocupou-se em incentivar o Príncipe a solucionar esse problema. Em Carta Régia de 18 de fevereiro de 1808, foi autorizada a criação, na Bahia, da Escola de Cirurgia no Real Hospital Militar de Salvador. Surge, dessa forma, no Brasil, o primeiro estabelecimento de ensino médico.
Em março de 1808, com a mudança da família real para o Rio de Janeiro, e também atendendo proposta de José Correia Picanço, D. João criou, através de decreto de 5 de novembro de 1808, a Escola de Anatomia Cirúrgica e Médica.
Além de sua valiosa participação nesses dois fatos relevantes para a história do ensino médico no Brasil, tem-se registro de que José Correia Picanço acompanhou, no Rio de Janeiro, o parto da primeira imperatriz do Brasil, a D. Maria Carolina Leopoldina que dera à luz a D. Maria da Glória, Princesa da Beira, e depois Rainha de Portugal; também foi atribuída a ele a realização, em 1817, da primeira operação de cesariana no Brasil, ocorrida na província de Pernambuco, em uma mulher negra. Como última homenagem em vida, recebeu o título de Barão de Goiana concedido pelo Imperador D. Pedro I, em 26 de março de 1821.
José Correia Picanço morreu no dia 23 de janeiro de 1823, aos 78 anos, com os seguintes títulos adquiridos ao longo de uma vida dedicada ao ensino médico e à medicina: Licenciado em Cirurgia (Paris); professor de Anatomia (Coimbra); 1° Cirurgião da Real Câmara; Cirurgião-Mor do Reino; Deputado à Real Junta de Prontomedicato; Membro da Real Academia de Ciências de Lisboa; Fidalgo da Casa Real do Conselho de Sua Majestade; Cavaleiro e Comendador Honorário da Torre e Espada; Primeiro Barão de Goiana; Nobre do Império; e fundador do ensino médico no Brasil.
Em sua memória foram realizadas diversas homenagens em todo o Brasil. No bairro da Tamarineira, o governo inaugurou um hospital com o seu nome e, em 1958, Correia Picanço foi aclamado Patriarca da Medicina Pernambucana no I Congresso Pan-Americano de História da Medicina e no II Congresso Brasileiro de História da Medicina. Deixou apenas uma publicação: Ensaios sobre os perigos das sepulturas dentro das cidades e nos seus contornos, Rio de Janeiro, 1812.

ALTEMAR PONTES, TALENTO GOIANENSE PREMIADO NA FRANÇA


Altemar Pontes de Oliveira, nascido em 28 de abril de 1971 em Goiana, é escritor, escultor, pintor, diretor-executivo da empresa de informática ELÓGICA, formado em Tecnologia em Processamento de Dados. Em 1997 participou de um concurso literário internacional promovido pela Associação Mundial de Escritores Hispânicos, sediada em Paris, França, onde disputaram cerca de 19.000 (dezenove mil) candidatos de várias nacionalidades, evento este chamado 80º Prêmio de Contos Julio Ramirez, e Altemar concorreu com o seu conto "Doce Inferno", que empatou em primeiro lugar com um conto do francês Juan Halius.
A decisão do desempate ficou a cargo do renomado escritor americano Sidney Sheldon, criador inclusive da série televisiva Jeannie é um Gênio. Sheldon decidiu a favor do jovem goianense, devido ao estilo utilizado no seu conto. Com isso, Altemar Pontes tornou-se o mais jovem ganhador do prêmio literário Julio Ramirez e o segundo de origem brasileira (o primeiro foi Carlos Drummond de Andrade em 1942). Outras premiações de Altemar foram: Prêmio Jovem Escritor, da Academia de Letras do Rio Grande do Sul, em 1989; Prêmio Orlando Dantas, da Academia de Letras de Minas Gerais, em 1993; Prêmio Assunção, da Associação Poética de Letras do Paraná. Publicou o livro "Mácula - Resquícios e Máscaras", poesias de 1996, com prefácio de Ariano Suassuna. Em 1998 publicou "Retalhos - Coletânea de Contos". É autor da peça de teatro "Cantos de Escuro". Estreou como pintor com a exposição Cor em Forma, no Gabinete Português de Leitura, no Recife.
Em 2001, de passagem por Goiana, concedeu entrevista ao jornal A PROVÍNCIA, onde revelou sua paixão pela nossa cidade, seu começo de carreira no mundo das artes literárias, seus projetos em andamento e a importância da busca por objetivos.

quarta-feira, 21 de março de 2012

ROMÁRIO DIZ: "TODO MUNDO VAI ROUBAR PELOS COTOVELOS"

O ex-jogador e atual deputado Romário faz declarações sobre a saída de Ricardo Teixeira da CBF e sobre o atraso das obras para a Copa no Brasil, segundo matéria publicada no Portal UOL:

UOL - Deputado federal Romário não acredita em mudança no futebol brasileiro em um curto prazo
O ex-jogador e deputado federal Romário (PSB-RJ) disse acreditar que nada vai mudar no futebol brasileiro em um curto prazo com a troca de Ricardo Teixeira por José Maria Marin no comando da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e ainda afirmou não estar apto para assumir o cargo.
Romário é vice-presidente da Comissão e Desporto da Câmara dos Deputados e sempre atuou como um crítico da CBF em relação aos atrasos na preparação para a Copa do Mundo de 2014.
“Não vamos soltar fogos e rojões. Não muda nada. Continua a mesma coisa, os clubes não vão ganhar força. Nem os presidentes de clubes e federações estão contentes com a mudança.  Mas eles mesmo aceitam o jogo, as cartas estão na mesa e o jogo está marcado até 2015. Acredito que o poder continua na mesma. Temos é que torcer para que em 2015 alguma coisa mude”, falou.

“O certo é convocar uma assembleia extraordinária com clubes e federações pra colocar lá um cara com moral,que seja honesto e mude o futebol brasileiro. Neste exato momento eu não seria um cara indicado para presidir a CBF. Mas existem ex-atletas e dirigentes que são aptos para isso”, continuou, sem querer citar nomes.
Artilheiro do Brasil na Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, e eleito melhor jogador do mundo pela Fifa naquele ano, Romário iniciou em fevereiro o segundo ano de seu mandato como deputado. Ele reiterou que vai “fiscalizar” o andamento das obras para o Mundial do Brasil e disse ainda que todo o processo envolvendo o Mundialterároubos“pelos cotovelos”.
“Está tudo muito atrasado. Algumas obras de mobilidade urbana chegam a 80% de atraso. O rombo vai passar de 100 bilhões nessa Copa. Quando chegar as obras emergenciais,aí todo mundo vai roubar pelos cotovelos. Vamos ter de abrir presídios novos pra colocar o pessoal, pois vai faltar lugar [na cadeia]”, finalizou.
Fonte: http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2012/03/14/romario-descarta-assumir-cbf-e-diz-que-vai-ter-roubo-pelos-cotovelos-na-copa.htm

O craque só foi ingênuo ao afirmar sobre a necessidade de novos presídios para abrigar tantos ladrões, como se fosse verdade que no Brasil os acusados de corrupção acabam todos presos.

EMBRATUR ERRA FEIO AS FRASES EM INGLÊS NO SEU SITE

Versão em inglês do site de turismo do Brasil (braziltour.com) é de difícil compreensão para estrangeiros. O colunista Seth Kugel, em matéria para o Portal IG faz esclarecimentos aterradores sobre o caso:

"Há 15 dias, o secretário geral da Fifa, Jerome Valcke, reclamou – de forma não muito diplomática – que o Brasil estava bem atrasado nos preparativos para a Copa do Mundo. Eu não sei falar se Brasil está realmente tão fora dos prazos para a construção dos estádios e da infraestrutura quanto diz o Sr. Valcke, ou se está no caminho certo, como diz o governo. Mas posso dizer, com certeza, que o Brasil – e mais especificamente a Embratur, agência oficial de promoção e marketing do turismo no País – está bem atrasada em outra coisa: o inglês.

Na semana passada, escrevi sobre o profissionalismo dos representantes da Embratur na feira de turismo New York Times Travel Show. Agora, vem a parte chata: a versão virtual, braziltour.com, é muito ruim. No site, que todo o mundo vê como primeira opção quando busca por 'visit Brazil' ou 'Brazil tourism' no Google, a informação está apresentada em um inglês tão pobre que em muitos casos nem dá para entender o que se quer dizer.  Incluindo a primeira página (home).

Vamos para alguns exemplos. As primeiras mensagens que aparecem são:


“Brazil has scheduled its stars to the 2014 World Cup” e depois “Click here and get to know our Cities Selection”. Li as duas frases pelo menos 20 vezes sem consegui entender nenhuma das duas.  Será que o primeiro significa 'As estrelas da seleção brasileira vão estar presente na Copa do Mundo', pensava. Ou talvez 'As estrelas do céu estão alinhadas para a Copa ser maravilhosa'?
A segunda parte também foi difícil. 'Cities Selection' significa o quê? Deve ter algo a ver com as cidades que vão receber a Copa, mas o quê exatamente?  Fiquei perplexo.

O turista que clica sobre “Selection Cities” chega a outra tela. Aparece uma frase: 'A cities’ schedule ready to start playing'. Tenho mais de três décadas de experiência em ler o inglês, mas ainda assim não consegui decifrar esse contrassenso. Procurei na versão em português: 'Uma seleção de cidades pronta para entrar em campo'. Gente, speak serious. Nada a ver. Embratur, tome nota: 'A great team of cities, ready to take the field'.

Daí dá para 'conhecer' as cidades em fatos, fotos e vídeos. Cada qual com erros que variam de ruins a desastrosos. Um vídeo sobre Natal mostra o que parece ser de uma dança tradicional, com a legenda: 'Plentiful cultural demonstration'. Sentido? Nenhum. Parecem palavras escolhidas aleatoriamente e colocadas juntas ao acaso.
Mas os erros mais graves ficam na página principal. Se o visitante potencial rola a tela para baixo, quase todas as outras opções têm erros também. (Uma exceção: 'Golf' está traduzido corretamente como 'Golf') Mas tem uma que é imperdoável. A tradução de 'Patrimônios Culturais da Humanidade no Brasil' é: 'Humanity Cultural Heritages in Brazil'.

Desculpe a repetição, mas não faz sentido nenhum. Para quem não sabe, o status de 'Patrimônio da Humanidade' é decidido pela UNESCO, agência da ONU. A Embratur sabe disso. Assim que encontrar a tradução correta é muito fácil. Basta ir à página do Wikipédia em português e dar um click em 'English', na coluna de 'outras línguas', do lado esquerdo. Aparecerá a mesma página do Wikipédia, em inglês. Resultado: 'World Heritage Site'. Ou faça uma pesquisa por UNESCO no Google.com, em inglês. Saem imediatamente duas opções: 'World Heritage' e 'World Heritage List'

Felizmente, alguns erros são mais engraçados do que deprimentes. É só ir na página de Trancoso. A descrição do lugar em português é a seguinte:
'Trancoso é um povoado localizado no sul do Estado da Bahia, é hoje um lugar ideal para fugir da agitação e estresse da cidade.' E em inglês: 'Trancoso is a town on the south region of Bahia. It is now the ideal site to runaway from the effervescence and stress of the city'.

A tradução possui pelo menos cinco erros. Mas é o quinto o mais hilário. Como 'agitação' chegou a ser 'effervescence', não sei dizer. 'Effervescence', em inglês, significa 'o ato de bolhas de gás escaparem de um líquido'.
Ou seja, Trancoso é um lugar ideal para fugir dos refrigerantes e outras bebidas gasosas da cidade. Notem bem, gringos: se vocês gostam da Coca Zero ou da água com gás, melhor escolher outro destino.
Obviamente, ninguém vai desistir de Trancoso por um erro de vocabulário. Mas desistir de um país porque não tem informação legível em seu site oficial? Com tantos outros países de olho nos bilhões de dólares do turista internacional? Isso não só é possível, é provável."

Fonte: http://colunistas.ig.com.br/viagens/2012/03/15/para-ingles-entender/
.